Poeta de estos tiempos

El escritor y poeta peruano-español Alfredo Pérez Alencart ha hecho una de las mejores traducciones al español de la obra Los dominios de la mirada (Antología y homenaje al poeta portugués António Salvado.) Puesto en contacto con el espíritu de los versos, que tan fluida, como clásicamente le salen de las manos a este poeta portugués, la traducción es excelente. Hay, desde luego, audaces bellezas en la obra de António Salvado, que nos llevan a pensar en su lenguaje poético dotado de toda armonía, con una finalidad dirigida hacia el arte y hacia el hombre de este tiempo.

Bien se nota que Pérez Alencart ha trabajado en la traducción de los versos con amor y constancia. Estamos, en definitiva, ante una apasionada reverencia del vate hacia la figura de Salvado. ¿Y qué nos dice Salvado? Pues que su verso tiene rigor, tiene historia, tiene enlace sin pausa con el mundo doloroso de todos los días.

Todo en su quehacer es voz profunda y afirmación de su presencia humana en un lugar, en varios lugares, donde sea que el hombre trabaja, camina, ama, y sueña. Los requisitos que se consideran indispensables para la traducción -desde siempre -, como la significación intrínseca y objetiva, están totalmente manifiestos en el texto. Esto es, señores lectores, beber de la misma fuente fresca y viva del texto original. Yo he leído muchos poemas de autores nacionales y extranjeros. Me suenan verdaderos los poemas de Josefina Plá, la poetisa española paraguaya, y me suenan -también- verdaderos los poemas de António Salvado. La poesía, que también tiene rostro (y se pretende de ella un rostro hermoso, misterioso) acusa grandes y contemplativos ojos en el libro Los dominios de la mirada. Eso conforta al lector, y por supuesto, al autor de la obra.

Escrito por Delfina Acosta en el Suplemento Cultural del diario ABC (Paraguay)

Más información sobre Delfina Acosta

Comentarios2

  • Nick

    Lindos Poemas, Yo tengo 17 años, Y recien toy empezando con Los Poemas A ver si me dan unos consejos..

  • poeta

    António Salvado (n. 1936) é autor de uma vasta obra, iniciada em 1955, cuja parte mais considerável se encontra reunida em três volumes editados pela A Mar Arte. Os Distantes Acenos, uma das suas colectâneas mais recentes, é uma Edição Estudos de Castelo Branco e mostra-nos o poeta no pleno da sua maturidade. Contemporâneo de autores como António Osório (n. 1933), Pedro Tamen (n. 1934), Maria Teresa Horta (n. 1937), entre muitos outros, Salvado nunca atraiu o reconhecimento e a popularidade que ajudam a colocar alguns dos pares do seu tempo entre os mais importantes do Séc. XX. Poucos leitores de poesia portuguesa do século passado terão ouvido falar do seu nome, ofuscado que foi pela sombra de obras colossais, de Herberto Helder (n. 1930) a Ruy Belo (n. 1933 – m. 1978), de Rui Knopfli (n. 1932 – m. 1997) a Fernando Assis Pacheco (n. 1937 – m. 1995), de E. M. de Melo e Castro (n. 1932) a Alberto Pimenta (n. 1937). Poucos serão também os leitores que terão tido acesso à sua poesia, cuja circulação e divulgação nunca mereceu a mesma vigilância crítica e promocional de outras vozes, cada qual com os seus particularismos. Não penso que se trate de um poeta da mesma dimensão da maioria dos acima referidos, mas é, por certo, um poeta que mereceria outra atenção não fosse o caso de vivermos num país onde "a importância dos poetas" é medida em função das cátedras que os fomentam ao estilo de modas efémeras mas tão rentáveis quanto possível. Talvez precisamente por isso, por ser um poeta avesso a modas, me apeteça chamar a atenção para um certo classicismo que vislumbro na obra de António Salvado. Em poucos poetas da sua geração, mais ainda nos actuais, encontramos uma riqueza lexical e, por consequência, uma densidade linguística como aquela que nos propõe a sua poesia. Resulta isso numa noção de ritmo fiel às formas clássicas, não porém conservadora, que acaba por ser hoje, depois de todos os modernismos, cada vez mais um desafio tremendo à leitura: «Escrevo como quem sem viço colhe / d’um qualquer seco arbusto / exíguas cascas de pequenos brotos / que ali ficaram para quê e mortos / mas que sonharam o sabor de frutos» (p. 37). Os Distantes Acenos é um livro que nos chama permanentemente a atenção para a riqueza da língua portuguesa, respeitando-a na sua forma mais lírica e contribuindo, assim, para uma diversidade que julgo ser o aspecto mais rico da nossa poesia do século passado. Os seus poemas são breves registos, em tom afectuoso, da ambivalência com que o sujeito poético vivencia a realidade. Se os olhos logram comover-se com a pureza, fragilidade, puerilidade, candura, de uma flor abrindo, já o coração parece não conseguir libertar-se da dúvida, do súbito pesadelo da dúvida, da procura inquieta de uma plenitude que a toda a hora escapa. De certa forma há um desconforto, um ruído que exila o coração e que o leva ao pranto, que o adormenta, há, enfim, um mal-estar que teima sobrepor-se à ternura da paisagem. Num belo poema intitulado «Largamente Nevara…», são, no final, os restos mortais de um lobo morto o que acaba por sobressair dentro dos vales, das encostas, das ravinas, da brancura, da calma, do silêncio da floresta. No fundo, Os Distantes Acenos são fragmentos de beleza que não apagam a melancolia que a(tinge) o coração: «Os acenos distantes / não chegam a quebrar melancolias / à cor desvanecida do meu sangue… / E uma nesga de fé não criaria / um novo anelo à minha confiança» (p. 40). Talvez este livro, talvez os poemas deste livro, possam eles mesmos ser um desses acenos distantes, estejamos nós para aí voltados e de coração aberto para a poesia, sem preconceitos a toldarem-nos as opções de leitura.
    in
    antologiado esquecimento.blogspot.com



Debes estar registrad@ para poder comentar. Inicia sesión o Regístrate.