[confesso-me ao poema ainda inexistente]

alvarogiesta

A noite traz-me sombras do poema e a ele confesso

na taciturna voz dos sonhos que fantasiam o mundo:

― apraz-me ter esta certeza, enquanto te invento,

de que mesmo não existindo ainda, me habitas.

Encontrar-te «às portas das noites ferozes» é habitares-me

no corpo incessantemente, apesar desta ausência.

Maior ainda, porque sequer te conheço; sequer sei

da tua existência ― fantasia-me este suspender

«a boca sobre o gesto confuso do mover dos dedos»

de te imaginar sendo, sem saber ainda como és.

 

Mas é este in.Saber ― esta ausência que nos estreita

nesta caminhada solitária da noite de não saber

quem somos, que me anima saber-te a palavra

que me falta para começar o poema.

Abandono-me a ti enquanto te penso. Digo que,

ardente é esta agudeza dos sentidos ― ardente

e inexplicável à luz da razão ― como se habitássemos

um éden inexistente sob as águas da memória

e aí fossemos beber sofregamente

o sabor da carne na feroz plenitude do tempo.

_______________

in Dois Ciclos para um Poema de Alvaro Giesta 

  • Autor: Alvaro Giesta (Seudónimo) (Offline Offline)
  • Publicado: 5 de noviembre de 2020 a las 18:09
  • Categoría: Reflexión
  • Lecturas: 12
  • Usuarios favoritos de este poema: Vogelfrei, Eli R.
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Comentarios1

  • Vogelfrei

    como se habitássemos
    um éden inexistente sob as águas da memória

    como si habitásemos un edén inexistente sobre las aguas de la memoria


    hermoso trabajo querido amigo



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