A MUSICA DA SAUDADE

carminha nieves

             

 

 

 

 Há muito que não ouvia as musicas que tenho no computador, antigas. De tempos idos.

Sem dar conta, no meio da sala, olhando a cidade ao longe, vendo o azul do céu manchado de nuvens soltas cinzentas claras, o meu corpo começou a dançar como embalada no berço da lembrança e de olhos húmidos, realista vi como tudo ficou no passado. Soluço profundo e silencioso apertou o meu peito. Mãos pequeninas e rechonchudas, batendo nas teclas e segurando o rato do computador ajudou-me a gravar, sem saber que no meu futuro era quase tudo o que me restava. Mesmo mal gravadas, são especiais únicas, são o que fui, o que era, uma vida dentro delas. A minha. Como corda grossa entrelaçada mil fios, de tudo, se entrelaçam.

Vivo de recordações na solidão silenciosa do que nunca voltará. Dançado suavemente, como magia estive no salão nobre da piscina de Espinho, na estalagem Zende, em Ofir no salão do hotel. Na foz no Belo Horizonte, em Águeda os bombeiros no baile de gala de uma queima das fitas, onde me senti a Sissi, com o vestido comprido branco com flores rosas a debruar os folhos leves da saia. No club portuense, em muitos mais sítios. Leve e carregando a mala do meu passado, pesada, mas impossível de a deixar, continuei a dançar sempre a olhar a cidade, as nuvens com o azul do céu por cima delas e queria voltar atrás. Nem me lembro do mal do sofrimento, dos momentos e dias tristes só do que me fez feliz.

Tenho pena, muita de o tempo ter passado, de nunca mais ser eu. Hoje um esboço mal feito, num quadro, sem moldura, esquecida num canto qualquer por tanta gente, sobrevivo, na solidão do meu presente, quase sem futuro. Haverá céus azuis, nuvens pequenas cinzentas claras, mas não as verei, nem ouvirei a minha musica tão velhinha quase como eu.

Ouvindo o Roberto Carlos a cantar o belíssimo poema das baleias, fui uma delas. Não queria ser como sou. Seria melhor não ter esta maneira de ser, gostava de ter uma couraça onde guardaria a realidade e este querer de ser realista.

Até onde vou? Neste caminhar sem retorno. Amo a vida, ter o pouco que tenho, ouvir as vozes de quem tanto amo. Saber que algo fiz por tantos, que condenada por muitos, não me modificaram. Sinto, amo e sou a mesma que tanto dançou sem pensar que hoje o faria só, olhando a cidade distante e o horizonte de olhos húmidos, só sem o que tive e que não poderei ter de volta. É a vida é a realidade onde não  gosto de estar, mas que no fundo faz parte da minha vontade de viver.

Porto, 2 de março de 2017.

Carminha Nieves

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Comentarios1

  • Peregrina

    Es una hermosa reseña de lo que es y de lo que fué..,
    Aunque no sé portugués entendí bastante y me encantó...
    Un gusto pasar a leerte Carminha ...
    Saludos amistosos de
    Peregrina

    • carminha nieves

      Gracias. Intento escribir con palabras sencillas. Ina por otra es más rara, pero si estamos leyendo con atención casi entendemos todo.
      Poe veces lo hago en español internacional, de todas formas, és un desnudo de mi pensamiento.
      Espero e deseo tenerte siempre como compañera.

      • Peregrina

        Será un gusto...



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