carminha nieves

SEM SENTIDO, SEM JUSTIFICAÇÃO

                                           SEM SENTIDO, SEM JUSTIFICAÇÃO

 

 

Es o templo do meu silêncio. Entre a penumbra dos vitrais, sentindo o frio das pedras das imponentes colunas, ouvindo a suave musica do órgão, sou a paz, dos meus tormentos.

De vagar um calor suave me inunda, leve brisa entra e suaviza a opressão que tenho no peito.

Vejo a sombra dos teus braços abertos esperando para me abraçares e aconchegares. Sempre unto a mim, atento velas por mim. Insignificante de joelhos sinto elevar-me e ter a felicidade de falar. É bom ter um Deus. É bom saber que me ouves e me aceitas. É difícil contar o que sinto quando entro na imensidão do Teu Templo. Só, aquela musica de órgão, doce, leva-me a ser feliz. Uma lágrima furtiva, um não sei quê entra no meu coração. Assim por muito pouco tempo que seja, sou a plenitude dos sentidos.

Muito longe fica o mundo, a maldade, a crueza do não sentir afeto ou amizade do ser humano.

Atravessando uma fase da vida em que entre a melancolia e paz, vou continuando a viver sonhando, sei lá com quê, evitando aprofundar o tempo que tenho, uma catedral erigi, com um órgão tocando, no silêncio, entre paredes brancas e mudas e em frente da grande janela junto ás nuvens carregadas de tons cinza escuro, deixo sair pensamentos e voar como se fossem o próprio vento.

Realidade cinzenta, pobre, sem sentido, um deixa passar o tempo parco, não conseguindo ser ou ter uma reste-a de esperança em sorrir com alegria.

Que fiz da minha vida? Onde errei? Talvez inocentemente fui crente que tudo seria bom. Mas pancada sobre pancada invisível fui destruindo o que ilusoriamente pensava ter.

Vazio doentio este que me magoa, impotente não consigo sentir-me bem.

Observo com atenção os que me rodeiam e pergunto-me, como posso ser tão diferente?

A mediocridade em que vagueiam preenchem sonhos, paz e a in deferência oca sem sentido fazem-nos felizes.

Chuva invisível que molha, lagrimas secas que salgam a minha boca. Olhar triste e cansado não revejo no reflexo do espelho o que era. Loucas fantasias, esperanças, tudo é pó ao vento da saudade dos tempos em que vivia no engano que seria feliz um dia.

Onde estás o templo? E o órgão que tocava no silêncio da minha paz?

Mulher descalça, sentindo espinhos enterrando-se nos pés. Caminhando sem sentido e cobarde por não ter força para acabar com esta caminhada sem futuro. Ao templo voltarei e na paz dos meus sentidos voltarei a sorrir ao despontar do dia. Vencerei a incerteza, a insegurança e serei eu.

 Renascida, forte e esquecerei. Por mim, para mim tudo quanto puder ter. Os outros não me importarão. Vou lutar e vencer. Se alguém magoar tenho pena. Mas já chega de tanto faz de conta. Cansei de ser bola chutada entre todos. Transformá-la-ei, num balão imenso que vagueia entre as nuvens e correrei mundos desconhecidos onde ninguém me conhece.

Porto,13 de Outubro de 2016

Carminha Nieves