Enide Santos

Passageiro do nada

Picotou-me o coração a vida.

E para sempre me quer assim.

Faz-me sentir não credora de mim.

Culpa-me por respirar,

E por não valorizar este ato de amar.

 

Rapinou-me a mente a morte,

Sem traumas me parou.

Debruçou-se sobre mim

E as chamas da vida,

Uma a uma de mim arrebatou.

 

Desfez-se de mim o tempo,

Que nem para a morte

Nem para a vida me entregou.

E sobre meu corpo, vivo morto.

O tempo se largou.

 

Enide Santos 30/10/14