aderson cavalcanti

MULHERES

MULHERES...

 

Na escuridão do meu quarto

A saudade aconchega-se em meu peito

Trazendo junto, as lembranças,

Chave-mestra das portas do passado.

Portas que com muito cuidado, tranquei-as,

Usando os cadeados enferrujados do esquecimento,

Mas que agora se escancaram, uma a uma,

Nesta noite de solidão.

E cada porta aberta, aviva mais

As chagas mal curadas do meu coração.

São portas, todas elas, com nome de mulheres...

Mulheres que amei e por elas fui amado,

Mulheres que abandonei e por elas fui abandonado,

Mulheres que me fizeram crescer e também me apequenar,

Foram mulheres de todas as cores e todos os credos,

Mulheres belas e mulheres não tão belas,

Mulheres de todos os tamanhos e de todos os tipos,

Mulheres, enfim, de todos os sonhos e de todas as ilusões...

 Mas todas elas tinham uma coisa em comum:

O dom de saber amar.

Dentre estas portas existe uma que quando abre

Machuca mais meu coração:

É aquela onde vivem as mulheres que amei platonicamente

Forjadas, apenas, no desejo do pensamento...

E graças a estas mulheres

Amadas na unilateralidade

Que consegui fazer este poema

Cheio de saudades e de lágrimas,

Que romperam a represa de meu peito           

E desaguaram no branco do papel

Em forma de dor