Rosa Regis

O IPÊ ROXO

O  IPÊ  ROXO

(8º lugar na XVI FESERP)

 

 

É verão no agreste da Paraíba.

Diferentemente do Sertão, o verde persiste!

Mas o Ipê roxo está pelado,

perdeu sua roupagem verde.

Seus galhos hirtos e nus

parecem pedir socorro aos Céus.

Os anus pretos que pousam sobre os mesmos

parecem dizer que eles estão mortos.

Ledo engano.

Às primeiras chuvas, que beleza!

O roxo cobre seus galhos nus

antes mesmo do verde das folhas.

É uma beleza “que olhos maus não podem ver”.

 

Meu Ipê roxo...

Que saudade de ti!

O contraste do roxo num céu nublado

é algo encantador!

Enfeitaste minha infância

e minha adolescência.

Puseste a poesia em meu coração.

Foste meu companheiro

nas primeiras decepções amorosas,

recebendo minhas queixas e prantos infantis

sem nada dizeres,

oferecendo-me teu tronco como apoio

para que eu chorasse minhas dores

que me pareciam sem remédio.

 

Como eras belo, meu Ipê!

Exibia-te, florido e altaneiro,

aparecendo acima das outras árvores,

encantando os olhos dos tropeiros

e de toda a nossa vizinhança.

Meu pai te chamava por outro nome:

“Pau d’arco”, se não me engano!

Mas, para mim, eras mesmo

o meu Ipê Roxo.

A mais bela árvore!

A árvore que enfeitou a minha infância pobre.

 

 

Rosa Regis

Natal/RN

Novembro de 2010