CLAUDIO S. SAMPAIO

Varanda

Como quem sonha, sob a sombra branda

Da solerte buganvília e vê no ocaso

A sombra do centauro e outro prazo

Dos dias vãos vencendo na varanda    

Eu ouço do ébano exilado de Luanda

O ritmo azul de um Blue e me comprazo.

A primavera dos crisântemos nos vasos

Chama os gnomos para a roda de ciranda. 

Do horizonte o vulto aceso do hipocampo

E uma fragata alada acenam, e eu não sei

Se o momento é de ficar ou de partir.    

Além das buganvílias, o arado e o campo. 

E as silhuetas de centeio, onde plantei

Pevides do amor que eu dei, mas não colhi.

 

Taiobeiras 24/06/2013